2015-05-31

10) Quão urgente é aprender Big Data ?

#bigdata #hadoop #spark

Estou montando um curso de Big Data. O público-alvo inclui empreendedores, engenheiros de software, desenvolvedores, analistas e gerentes de projeto de tecnologia. O curso será divulgado em breve. Enquanto conversava com um consultor amigo, para refletir sobre aspectos do curso, meu amigo fez umas ponderações interessantes, que merecem ser comentadas aqui no Blog. Nesse post, vou comentar duas dessas ponderações: “1) Big Data não está no horizonte de urgências das pequenas empresas” e “2) De que maneira Big Data pode trazer mais clientes para as pequenas empresas?”.

A primeira ponderação pode ser re-escrita de forma mais geral como o título desse post: “Quão urgente é aprender Big Data?”. Minha resposta para essa pergunta é que o nível de urgência para aprender Big Data depende do que se considera "urgência". É necessário lembrar que nosso país vive um momento com características especiais. Há um conjunto de várias crises simultâneas, todas graves. Diante desse momento, é realmente de se ponderar se o investimento de tempo e dinheiro para se aprender Big Data é ou não uma "urgência". Acontece que a parte dinâmica do mundo não está nada parada. Muita gente está exatamente agora investindo pesadamente em modernizar-se e incorporar novas formas de se viver e empreender - com lauto uso de tecnologias digitais, em especial Big Data (a tecnologia inovadora atualmente no foco). O mundo vai seguir modernizando-se. Quem tiver qualquer motivo para não conseguir ou não querer investir para modernizar-se, com certeza vai ficar para trás.

Há algo melhor que aprender com os próprios erros: é aprender com os erros dos outros. Pode-se estudar história com foco em refletir sobre erros e acertos do passado, e dessa forma destilar de grandes lições. Abaixo listo alguns exemplos históricos.

  • Na década de 1980, a IBM era líder em tecnologia de informação, e ganhava muito dinheiro vendendo mainframes. A Apple provou que havia mercado para computadores pessoais, e a IBM reagiu criando uma divisão nova para vender seu próprio computador pessoal IBM-PC. Mas não entendeu que a grande oportunidade estava no software e não no hardware. O resultado foi perder para a Microsoft a oportunidade de ganhar dinheiro com software (em particular com sistema operacional). Com o jogo já muito avançado, tentou recuperar o terreno lançando seu próprio sistema operacional, mas demasiado já tinha acontecido, e o mercado ficou mesmo com a Microsoft. A IBM perdeu tempo, e perdeu oportunidade.
  • Na primeira década do século 21, a Microsoft era dominante absoluta do mercado de software para computador pessoal. Após alguns casos impactantes de briga agressiva e vitória sobre concorrentes (o mais notável foi a guerra dos browsers, de 1994 a 1998, que derrotou a Netscape), parecia impossível alguém vencer o colosso Microsoft. A Google cresceu sem concorrer diretamente com a Microsoft, atuando no mercado de busca (então dominado pela Yahoo e Altavista), com a inovação de usar tecnologias automáticas para a busca. Essas tecnologias mais tarde se transformariam em tecnologia de Big Data. Aos poucos o mundo foi mudando, e a Google amadureceu vários produtos que hoje competem e em muitos casos ganham da Microsoft. Ainda se poderia falar na tecnologia de mobile, na qual a Google chegou atrasada com o Android, conseguiu crescer e hoje é dominante. No longo prazo, a Google está melhor que a Microsoft. A Microsoft perdeu tempo, e perdeu oportunidade.
  • As gravadoras de música (EMI e outras) tem lembranças doces do gigantesco lucro que um dia conseguiram obter. Somente com os Beatles, as vendas foram um colosso. Muito se vendeu no formato LP (Long Play). Na década 1980, iniciou-se a venda de CD, com o mesmo modelo (controlar a venda da media permitia o controle da venda do conteúdo). Inovações modificaram completamente o cenário. O uso de mp3, Internet e software de compartilhamento (napster e depois outros), fez a venda de CD praticamente desaparecer. O mercado de música mudou completamente. Dentre as empresas de destaque atualmente no cenário de música incluem-se a a Apple com o iTunes, a Amazon, que vende vários tipos de media, e a Google com o youtube. As gravadoras perderam tempo tentando manter vivo um modelo de negócios marcado para morrer, e perderam a oportunidade que hoje está com as empresas dominantes do setor.

Numa tentativa de resumir o que se pode aprender com esses exemplos, digo que é imperativo adaptar-se aos novos tempos. Muita empresa grande apegou-se demais ao sucesso do passado, demorou a reagir e perdeu. Muitas empresas que existem hoje vão  acabar por tornarem-se incapazes de competir com os métodos e expedientes que se exige na atualidade. É sábio investir em modernização enquanto ainda é tempo. 

A segunda ponderação do meu amigo também tem resposta. Empresas que vendem pela Internet podem colocar um painel com sugestões de produtos que outros clientes compraram depois de comprar o que está no carrinho de compras. Um painel desses é tipicamente produzido com tecnologia de Big Data. O marketing pode ficar muito mais eficaz pela incorporação de informações de Business Inteligence vindas de processamento de com Big Data sobre log de vendas, ou sobre redes sociais. Big Data pode ser aplicado hoje para resolver problemas já existentes, e também para criar serviço inovador e valioso. O mesmo instinto de oportunidade que fez a empresa ser criada no primeiro momento, deve ser usado para prospectar usos para Big Data hoje, para potencializar as possibilidades da empresa.

O Spark (Big Data Geração 2) está crescendo exatamente agora. O artigo que mostrou o enorme ganho de desempenho que Spark tem sobre a geração anterior é de outubro de 2014 (Veja esse post). Apesar de dificuldades que o Brasil passa especificamente agora, é imperativo conseguir investir para se criar cultura de uso de Big Data. O momento de se investir é agora. Em relativamente pouco tempo, as melhores oportunidades terão ido para quem está investindo agora. Precisamos construir um futuro que tenha alta criação de valor nas atividades que são feitas por brasileiros, ou os demais países alegremente nos conduzirão para uma posição subalterna de fornecedor de produtos básicos. 

A única forma de se obter prosperidade coletiva é construir uma sociedade eficiente, com alta produtividade. O uso intensivo e sábio de tecnologia de informação é fator essencial de eficiência e produtividade. Há inúmeros setores no Brasil esperando para tornarem-se mais eficientes com o uso de TI. Big Data é a tecnologia no foco. Os principais projetos atualmente vão usar essa tecnologia. Empresas que investirem agora vão pegar as melhores oportunidades. Profissionais de TI que investirem agora vão valorizar seus currículos. 

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Sergio Barbosa Villas-Boas (sbVB), Ph.D.
software development, Big Data, cloud, mobile, IoT, HPC, optimization 
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