#bigdata #hadoop #spark
O Brasil tem colecionado notícias ruins ultimamente. Têm
decrescido o emprego, a renda, as vendas, a aprovação do governo. Têm subido os
juros, o dólar, o endividamento, a inadimplência. Há um agrupamento de crises, incluído
problemas na política, na economia, no meio ambiente, na segurança, na saúde, na
educação, na moral e outros setores. Estamos obviamente vivendo uma grave crise
sistêmica. O presente é ruim, e as perspectivas não são animadoras, pois se as
nossas práticas nos levaram ao presente ruim, é fácil argumentar que nós não devemos fazer mais do mesmo. É preciso mudar nossas práticas. Muitos têm
opinado sobre como deve ser o novo perfil das nossas práticas, e é isso que eu
vou fazer com esse post. Vou centrar meus argumentos em 2 pontos – devemos
optar por Capitalismo e por Tecnologia de Informação. Como se verá, isso tem
forte relação com Big Data e o futuro do trabalho.
Optar por capitalismo.
“Economia” é o estudo do que as pessoas fazem para viver. A sociedade humana,
desde remotíssimo passado, tem “relações de troca” entre indivíduos, também
chamadas de “transações econômicas”. Isso ocorre quando duas pessoas trocam
“valores”. Um exemplo remoto (mas válido até hoje) seria “eu lhe dou uma caça,
e você me dá uma lança”. A sociedade atual é muitíssimo complexa, e para
agilizar e reduzir o custo das transações econômicas inventou-se o “dinheiro”,
que tem muitos sinônimos, sendo um deles “capital”. “Capitalismo” (as vezes
chamado de “liberalismo”) é o nome que se dá a uma das possíveis formas de
organização das sociedades. Num super sintético resumo, pode-se dizer que uma
alternativa ao capitalismo-liberalismo é o “socialismo-comunismo”. Pode haver
conceitos híbridos em uma sociedade (em alguns aspectos ser capitalista-liberal,
e em outros ser socialista-comunista). Mantendo-se o espírito de grande síntese
dos argumentos, pode-se dizer que o capitalismo-liberal enfatiza o incentivo a
iniciativa individual, garantindo a quem tem iniciativa a apropriação dos
resultados do seu trabalho e do seu investimento. Na visão alternativa do
socialismo-comunismo, a ênfase é em iniciativas e atividades controladas por
representantes do povo (o governo), que supostamente deveria tomar decisões que
maximizam o interesse de toda a comunidade. Membros do governo decidem a carga
tributária – que consiste em subtrair os resultados de quem trabalha e investe –
para financiar o Estado. Em resumo, o liberal gosta de empresas privadas, e o
comunista gosta de empresas públicas.
A iniciativa individual é muito poderosa. A história está
repleta de exemplos de o quanto se construiu com iniciativas individuais. Pensemos
nesse: em pouquíssimo tempo a humanidade criou a sociedade conectada, com
intenso uso de aparelhos móveis (celular). Trata-se de um triunfo, que obviamente
é consequência do modelo capitalista, com sua característica de deixar boa
parte do resultado do trabalho e do investimento com quem tem a inciativa. Por um lado,
enriquecem os donos das grandes empresas que fornecem celulares e seus
componentes. Mas por outro lado, enriquece toda a humanidade, que se torna
muito mais eficiente ao passar a contar com o novo e poderosíssimo recurso, que
inclusive faz melhorar a vida de muita gente das camadas populares.
O Brasil tem muitas deficiências. Para que a vida melhore, é
preciso que se trabalhe e se invista, para construirmos um mundo melhor.
Defendo que o sistema capitalista é claramente o mais adequado para conduzir e incentivar
muita gente a ter inciativa de trabalhar e investir. Os países que eu mais
admiro, e que tem padrão material de vida muito superior ao nosso, construíram
sua riqueza com base no sistema predominantemente capitalista. Dentre esses
países estão EUA, Canada, Inglaterra, Alemanha, Japão, Singapura.
Percebe-se que o Brasil tem cultura com forte preconceito
contra o Capitalismo. É perfeitamente lícito qualquer pessoa ter sua própria
opinião sobre como devemos nos organizar. Mas penso que muitos que repetem
“chavões” contra o capitalismo, de fato pouco sabem sobre o sistema. Um amigo
meu recentemente escreveu um livro que ajuda a entender o capitalismo, [
link ] .
Optar por tecnologia de
informação. Argumento que a única forma de se obter prosperidade coletiva é fazer aumentar
a eficiência média da sociedade. A palavra “eficiência” representa a medida de
quanto se consegue produzir com uma dada quantidade de recursos. Nas minhas
aulas de empreendedorismo eu sempre faço o seguinte e breve exercício. Pergunto
à turma quem gosta de comer batata frita. Sempre ocorre de muita gente levantar
o braço. A batata frita tem 2 componentes: “batata” e “frita”. Pensemos no
segundo componente, que requer tipicamente o consumo de óleo de soja. O leitor
tem consciência de como se planta e se colhe soja no Brasil hoje? Procure
saber. A intensidade do uso de tecnologia e mecanização é enorme, resultado de
uma longa sequência de investimentos. Nossa soja é a mais produtiva do mundo.
Esse é outro triunfo do sistema capitalista. A propósito: o setor de
agri-business é um dos poucos que nos dá notícias boas atualmente. Com muita
tecnologia, há muita produtividade, e há muita abundância. A sociedade toda
torna-se próspera em decorrência disso.
Colheita de soja, com alta economia de escala
A tecnologia de informação tem o potencial de aumentar
enormemente a eficiência da sociedade. Desde que boa parte dos indivíduos
passou a estar sempre carregando um dispositivo digital conectado e ligado (o
celular), muitos procedimentos podem ser repensados para que sejam mais
eficientes. A economia compartilhada é uma área que tem mostrado particularmente
muito potencial, sendo que algumas empresas de destaque no setor incluem
uber e
airbnb. Há muito mais a fazer. Em quase todos os setores há transformações esperando
para serem implementadas, sendo muitas geradoras de aumento de eficiência.
Pensando um pouco, podemos reformar ou revolucionar várias áreas, incluindo
educação, entretenimento, comércio, política, saúde, justiça, meio ambiente,
finanças, arte e muito mais. Tudo isso já está acontecendo. Quem chega
primeiro, come a maior fatia do bolo. Seria muito bom que nossa organização
social nos incentivasse a agir agora para construir esse novo mundo, de forma a
garantir uma parte desse bolo para nós.
Estou obviamente sugerindo que a sociedade brasileira adote
a opção estratégica de ser competitiva em tecnologias digitais. Somos atrasados
em tudo, mas há que se lembrar que todos temos igual acesso ao elemento
fundamental para a inovação: neurônios. Associe-se a isso o fato de que as
tecnologias digitais de suporte são mercadorias a disposição de todos quase sem
distinção. Quando uma grande empresa lança um produto ou serviço (Google,
Amazon, Apple, Samsung, Microsoft, IBM, Apache, Gnu, Databricks), e se esse
serviço for impactante no ambiente, todos temos acesso ao serviço ao mesmo
tempo. O Matei Zaharia, dono da Databricks, bateu o recorde mundial de sort
benchmark com tecnologia de Big Data, e ele não tem datacenter (alugou da
Amazon). Hoje ele tem uma empresa que vale várias dezenas de milhões. Em
teoria, tudo poderia ter acontecido no Brasil. Na economia digital, os
numerosos e lamentáveis itens do “custo Brasil” são relativamente menores que
em outros setores.
Discutamos a evolução do trabalho, do tradicional ao futuro.
A relação tradicional de trabalho considera o trabalhador “hipossuficiente”
para negociar seus interesses. Isso é de fato verdade quando se pensa em uma
atividade tradicional tal como um cortador de cana com facão e sua relação com
o dono do canavial. Em função disso se criou um conjunto de leis trabalhistas,
sindicatos para trabalhadores e patrões e outras instituições. No caso do
cortador de cana, isso faz bastante sentido. Mas no caso da economia criativa e
digital, essa forma de se relacionar parece uma aberração. O trabalho digital é
altamente criativo, altamente compartilhado, com muito forte componente de
conhecimento. A forma capitalista de organização ajusta-se perfeitamente,
criando incentivo para criação e financiamento do crescimento de empresas novas
(startups). Para prosperarmos na economia digital, precisamos estudar os
modelos que funcionam, e adaptar à nossa sociedade de forma pragmática.
Big Data é uma das inovações que impactam fortemente o
ambiente atual. Organizando os computadores de uma forma inovadora, conseguimos
uma potência computacional aumentada, e a partir disso podemos fazer muitas
coisas que não podíamos antes. Essa é uma área em ebulição. Muito está sendo
construído exatamente agora. A janela está aberta, mas vai se fechar (isso
sempre acontece). Não devemos esperar para passar pela janela. Por isso, é
importante investir agora para se qualificar e criar novos sistemas valiosos
para toda a sociedade, e no processo obter prosperidade pessoal. O momento de
se estudar e investir em Big Data é agora, mesmo estando o Brasil em crise, ou
talvez justamente por isso.
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Sergio
Barbosa Villas-Boas (sbVB), Ph.D.
software development, Big Data,
cloud, mobile, IoT, HPC, optimization
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