2015-09-07

16) Big Data, demografia e eficiência

#bigdata #hadoop #spark

Considero tecnicamente correto definir um sistema computacional “com tecnologia Big Data” a partir da sua referência original, isso é, quando se está usando um sistema distribuído (em geral Hadoop e/ou Spark) capaz de usar cluster (em geral gerenciado por Yarn, Mesos ou Spark Standalone) sobre um sistema de arquivos distribuído (em geral HDFS). Contudo, a expressão “Big Data” tem sido mais e mais usada num contexto mais abrangente que a definição tecnicamente original acima. Essa definição mais abrangente refere-se a Big Data como o uso massivo de tecnologia de informação, isso é, o mundo em que muitas coisas são medidas, armazenadas, processadas, decididas e disponibilizadas digitalmente. A eficiência geral da sociedade está fortemente relacionada a “Big Data”, na sua definição abrangente. No contexto demográfico Brasileiro, que vive os momentos finais do “bônus demográfico”, recomenda-se especialmente que a sociedade adote massivamente a tecnologia de informação, mirando na eficiência.

Falemos sobre “bônus demográfico”. Esse é um fenômeno social no qual uma grande quantidade de pessoas faz a opção ao mesmo tempo de ter menos filhos. Como se sabe bem, o perfil econômico de uma pessoa é resumidamente de ter 3 fases: infância, idade ativa, senhoridade. Nas duas fases das pontas, a pessoa é economicamente inativa. O período economicamente inativo de uma pessoa ao nascer é longo, em geral definido como 15 anos (mas muita gente fica bem mais tempo estudando e se preparando para futura fase ativa, que vai até os 64 anos). Durante esse período inicial, a pessoa economicamente consome recursos e não os cria. Quando muitas pessoas decidem ao mesmo tempo adiar o momento de ter filhos, ou de ter poucos ou nenhum filho, essas pessoas em idade ativa deixam de investir tempo e dinheiro para criar a nova geração. Esse investimento que deixa de ser feito é tecnicamente um recurso adicional que a sociedade tem à disposição. Durante o bônus demográfico, a economia tende a ter melhor desempenho. Mas a boa notícia do bônus demográfico tem um recado claro: trata-se de um episódio único em uma sociedade, que tem data para terminar. Já se observou esse fenômeno em muitas sociedades, e sabe-se que esse bônus dura cerca de uma geração, isso é, cerca de 30 anos, ou no máximo 35 anos.

Muitos estudos alertam para um risco para o Brasil: tornar-se uma sociedade envelhecida sem antes emergir até o status de país desenvolvido. Enquanto o Brasil for “mais ativo” por consequência do bônus demográfico, deve construir uma forma mais desenvolvida de vida, isso é, deve aprender a ser eficiente e com isso tornar-se mais próspero.

Vou repetir nesse o post minha tese principal: o Brasil precisa adotar massivamente a tecnologia de informação para tornar-se eficiente. Isso é equivalente a usar Big Data, tanto na definição técnica original do termo quanto na definição abrangente supracitada.

A efetividade e eficiência da vida com uso de tecnologia de informação requer mais que a pura e simples instalação de hardware e software. É preciso que exista uma cultura de uso dos sistemas digitais de forma efetiva e eficaz. Essa cultura é criada inclusive com muito estudo. Mas acima de tudo, a sociedade precisa conscientizar-se dos seus objetivos estratégicos, e apoiar a construção do futuro que interessa a todos nós. É preciso que consigamos automatizar os sistemas e procedimentos que nos servem, fazendo-os funcionar com cada vez menos gente, e em muitos casos de forma totalmente automatizada.

Vou reportar um exemplo de nível elevado de automatização, implantada em país desenvolvido: quem já foi para os EUA (várias cidades) pela Delta deve ter feito escala em Atlanta. A Delta usa a cidade de Atlanta como “hub” (ponto de interconexão), fazendo muitos voos para essa cidade. Uma empresa aérea precisa resolver o problema de conectar muitos pontos (cidades) entre si. A abordagem tradicional é simplesmente conectar as cidades diretamente. Mas isso é muito ineficiente. A alternativa é usar hubs. Vai-se da cidade A para a cidade B passando pelo hub. Exemplo: Rio de Janeiro para Miami passando por Atlanta. O uso de hubs é muito mais eficiente que a ligação de todas as cidades diretamente. Mas isso cria um fluxo enorme no hub. O resultado é um aeroporto de tamanho gigantesco em Atlanta. Para dar conta de atender a todas as pessoas em trânsito no aeroporto de Atlanta, há nível muito elevado de automatização. Dentre os vários sistemas automáticos, incluem-se o sistema de informação para o local para onde os passageiros devem ir, e também o trem entre os “concourses” (alas do aeroporto), que opera sem piloto. Qualquer pessoa que tenha passado por esse aeroporto impressiona-se pela quantidade grande de gente que é atendida, com relativamente poucas pessoas para atende-las. Eficiência é isso. Dessa eficiência decorre a prosperidade que tanto desejamos.


Todos os países prósperos do mundo vivem com alto e crescente nível de automatização, sempre com base em muito estudo e sistema de educação forte. Se quisermos ser prósperos, temos que fazer como eles.

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Sergio Barbosa Villas-Boas (sbVB), Ph.D.
software development, Big Data, cloud, mobile, IoT, HPC, optimization
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