#bigdata #hadoop #spark
Considero tecnicamente correto definir um sistema computacional
“com tecnologia Big Data” a partir da sua referência original, isso é, quando se
está usando um sistema distribuído (em geral Hadoop e/ou Spark) capaz de usar cluster
(em geral gerenciado por Yarn, Mesos ou Spark Standalone) sobre um sistema de
arquivos distribuído (em geral HDFS). Contudo, a expressão “Big Data” tem sido
mais e mais usada num contexto mais abrangente que a definição tecnicamente
original acima. Essa definição mais abrangente refere-se a Big Data como o uso
massivo de tecnologia de informação, isso é, o mundo em que muitas coisas são
medidas, armazenadas, processadas, decididas e disponibilizadas digitalmente. A
eficiência geral da sociedade está fortemente relacionada a “Big Data”, na sua
definição abrangente. No contexto demográfico Brasileiro, que vive os momentos
finais do “bônus demográfico”, recomenda-se especialmente que a sociedade adote
massivamente a tecnologia de informação, mirando na eficiência.
Falemos sobre “bônus demográfico”. Esse é um fenômeno social
no qual uma grande quantidade de pessoas faz a opção ao mesmo tempo de ter
menos filhos. Como se sabe bem, o perfil econômico de uma pessoa é
resumidamente de ter 3 fases: infância, idade ativa, senhoridade. Nas duas
fases das pontas, a pessoa é economicamente inativa. O período economicamente
inativo de uma pessoa ao nascer é longo, em geral definido como 15 anos (mas
muita gente fica bem mais tempo estudando e se preparando para futura fase
ativa, que vai até os 64 anos). Durante esse período inicial, a pessoa
economicamente consome recursos e não os cria. Quando muitas pessoas decidem ao
mesmo tempo adiar o momento de ter filhos, ou de ter poucos ou nenhum filho, essas
pessoas em idade ativa deixam de investir tempo e dinheiro para criar a nova
geração. Esse investimento que deixa de ser feito é tecnicamente um recurso
adicional que a sociedade tem à disposição. Durante o bônus demográfico, a
economia tende a ter melhor desempenho. Mas a boa notícia do bônus demográfico
tem um recado claro: trata-se de um episódio único em uma sociedade, que tem
data para terminar. Já se observou esse fenômeno em muitas sociedades, e
sabe-se que esse bônus dura cerca de uma geração, isso é, cerca de 30 anos, ou no
máximo 35 anos.
Muitos estudos alertam para um risco para o Brasil: tornar-se
uma sociedade envelhecida sem antes emergir até o status de país desenvolvido.
Enquanto o Brasil for “mais ativo” por consequência do bônus demográfico, deve
construir uma forma mais desenvolvida de vida, isso é, deve aprender a ser
eficiente e com isso tornar-se mais próspero.
Vou repetir nesse o post minha tese principal: o Brasil precisa adotar massivamente a
tecnologia de informação para tornar-se eficiente. Isso é equivalente a
usar Big Data, tanto na definição técnica original do termo quanto na definição
abrangente supracitada.
A efetividade e eficiência da vida com uso de tecnologia de
informação requer mais que a pura e simples instalação de hardware e software.
É preciso que exista uma cultura de uso dos sistemas digitais de forma efetiva
e eficaz. Essa cultura é criada inclusive com muito estudo. Mas acima de tudo,
a sociedade precisa conscientizar-se dos seus objetivos estratégicos, e apoiar
a construção do futuro que interessa a todos nós. É preciso que consigamos
automatizar os sistemas e procedimentos que nos servem, fazendo-os funcionar
com cada vez menos gente, e em muitos casos de forma totalmente automatizada.
Vou reportar um exemplo de nível elevado de automatização,
implantada em país desenvolvido: quem já foi para os EUA (várias cidades) pela
Delta deve ter feito escala em Atlanta. A Delta usa a cidade de Atlanta como “hub”
(ponto de interconexão), fazendo muitos voos para essa cidade. Uma empresa
aérea precisa resolver o problema de conectar muitos pontos (cidades) entre si.
A abordagem tradicional é simplesmente conectar as cidades diretamente. Mas
isso é muito ineficiente. A alternativa é usar hubs. Vai-se da cidade A para a
cidade B passando pelo hub. Exemplo: Rio de Janeiro para Miami passando por
Atlanta. O uso de hubs é muito mais eficiente que a ligação de todas as cidades
diretamente. Mas isso cria um fluxo enorme no hub. O resultado é um aeroporto
de tamanho gigantesco em Atlanta. Para dar conta de atender a todas as pessoas
em trânsito no aeroporto de Atlanta, há nível muito elevado de automatização.
Dentre os vários sistemas automáticos, incluem-se o sistema de informação para o
local para onde os passageiros devem ir, e também o trem entre os “concourses” (alas
do aeroporto), que opera sem piloto. Qualquer pessoa que tenha passado por esse
aeroporto impressiona-se pela quantidade grande de gente que é atendida, com
relativamente poucas pessoas para atende-las. Eficiência é isso. Dessa
eficiência decorre a prosperidade que tanto desejamos.
Todos os países prósperos do mundo vivem com alto e
crescente nível de automatização, sempre com base em muito estudo e sistema de educação
forte. Se quisermos ser prósperos, temos que fazer como eles.
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Sergio
Barbosa Villas-Boas (sbVB), Ph.D.
software development, Big Data,
cloud, mobile, IoT, HPC, optimization
sbvillasboas@gmail.com,
sbvb@poli.ufrj.br
Skype: sbvbsbvb
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