#bigdata #hadoop #spark
Convido o leitor a refletir sobre o seguinte: pense em um
dia típico e nos objetos com os quais interage. Quase todos esses objetos são
produtos produzidos por uma Empresa Privada COM Fins Lucrativos. Esse tipo de
organização de pessoas é tão importante que merece uma sigla: EPFL. A lista dos
objetos produzidos por EPFL inclui a cama onde o leitor dormiu, o pijama que
usou para dormir, a escova de dentes e pasta que usou para a higiene bucal, a
casa onde mora, a comida que comeu no café da manhã, todos os eletrônicos que
usa, e muito mais. Da mesma forma, quase todos os serviços que atendem ao
leitor são prestados por EPFL. Essa lista de serviços inclui o plano do telefone
celular, o provimento de Internet, a tv por assinatura, o banco onde o leitor
tem conta, o salão que corta o cabelo do leitor e muito mais. O comércio que
abastece de bens o leitor também consiste basicamente de EPFLs. Não há dúvida:
a grande maioria dos produtos e serviços que dão suporte a nossa vida é gerada
por EPFLs. É, portanto, correto entender a EPFL como uma das bases da nossa
sociedade, e também uma das formas mais comuns de ocupação de pessoas. Quando
se foca nos produtos e serviços inovadores, é ainda mais clara a presença de
EPFL.
Toda sociedade tem uma cultura. A sociedade Brasileira, tem componentes
de sentimento anti-capitalista. O capitalismo é uma filosofia que enfatiza a liberdade
de iniciativa, decisão, e a responsabilidade individual; por isso é uma
filosofia relacionada ao liberalismo, amante das EPFLs. Muita gente pouco
compreende do funcionamento da sociedade, mas repete meio sem pensar chavões
como “o empresário explora o trabalhador”, ou “os liberais não gostam nem
respeitam os pobres”, entre outros. Há muitos erros e problemas em qualquer
sistema em que se viva, por certo, posto que o sistema é sempre composto por
humanos que são sabidamente cheios de defeitos. Mas os eventuais erros que os
liberais tenham não faz a alternativa ser isenta de problemas, nem monopolista da virtude. Toda ideologia ou filosofia de vida merece ser debatida
abertamente, e ter suas características analisadas a partir de fatos. Qualquer
interessado pode estudar como vivem as pessoas em países com ideologia liberal
e em países ideologia oposta, e chegar a suas próprias conclusões sobre quão
bem a população vive.
No caso de tecnologias digitais, há um fenômeno econômico
muito interessante que causa grande impacto no ambiente. A tecnologia evoluiu
tanto, e fez o preço de vários produtos baixar a tal ponto, que se tornou
viável oferecer muita coisa sem se cobrar nada. Armazenar conteúdos tornou-se
gratuito. Muitas redes sociais são gratuitas. Muitos produtos de software têm
várias funcionalidades gratuitas, e oferecem funcionalidades mais avançadas com
planos pagos. No caso de desenvolvimento de software, surgiu o conceito de
software open-source. No início foi visto com desconfiança. Mas o tempo passou
e hoje muitas das melhores opções em software são open-source. Essa enorme
quantidade de serviços digitais gratuitos ou baratos é um produto direto da
filosofia liberal. Muitos produtos gratuitos eventualmente levarão a uma futura
venda, e apenas por isso já há incentivo para que se invista. Nunca haveria o
atual ambiente digital cheio de produtos gratuitos ou baratos se tudo tivesse
sido construído com a ideologia comunista. O mundo digital atual, tão cheio de
recursos, é um triunfo do liberalismo e do capitalismo.
A atual crise Brasileira é aguda, muito grave, e já está
causando muita dor a muita gente, com juros altos, inflação, desemprego e talvez
o pior de tudo: desesperança. É uma hora perfeita para repensarmos nossos
valores. Quais as práticas do governo no passado recente? É lícito defender que
foram essas práticas que causaram nossa crise. Se queremos superar a crise, é
preciso um ambiente que incentive quem quer produzir. Há países em que muitas
das necessidades básicas estão consideravelmente bem resolvidas. Nesses países,
as empresas precisam disputar os clientes com dificuldade, fazendo produtos com
características excelentes, e vendendo-os com margens cada vez menores, devido à
enorme competição. No Brasil, com tantas deficiências ainda por serem resolvidas,
há espaço de sobra para a implantação de EPFLs que atendam nossas carências.
Mas o ambiente atual de crise está demasiadamente pouco atraente para as
empresas. Há excesso de tributos, custo excessivo do Estado, incerteza severa
na política, no marco regulatório e muitos outros incentivos negativos.
A vida pode melhorar por se investir em suprir várias de
nossas carências de produtos e serviços. As EPFLs podem supri-los quase sempre
de forma muito mais eficiente que o governo. A sociedade pode superar essa
crise por criar um ambiente que atrapalhe pouco quem quer produzir e investir.
Há que se pensar também no momento em que o mundo vive, em
que se aprofunda a sofisticação da sociedade digital. O mundo repleto de serviços
digitais é por vezes referido como “Big Data”, embora esse termo seja
tecnicamente mais adequado para referir-se a software com sistemas distribuídos
tal como Hadoop e Spark. Como sempre acontece com o ambiente cheio de inovações,
há muita oportunidade. Mas ninguém duvida que as melhores oportunidades não
ficarão disponíveis por muito tempo.
Vou repetir minha sugestão de que a sociedade brasileira
opte estrategicamente por sair dessa crise por se criar um ambiente favorável
para as EPFLs, estimulando quem quer produzir e investir. As EPFLs, pela sua
procura natural de busca de resultados (lucro), investirão e criarão formas
mais eficientes de prover para a sociedade. Muitas estruturas produtivas e serviços
da sociedade foram concebidos em uma época com muito menos opções tecnológicas.
Podemos repensar nossa forma de viver de forma estruturalmente mais eficiente,
usando com sabedoria as tecnologias digitais. Devemos estimular que as novas
tecnologias substituam as formas antigas de se trabalhar, sempre de olho na
eficiência estrutural, na rapidez, na robustez. Devemos estimular que as EPFLs
se estabeleçam, com base na competição sem viés, e na vitória do produto e serviço
que seja o melhor e o mais econômico. Devemos educar a população para preparar-se
mais e mais para viver no ambiente competitivo, e não proteger a sociedade da
competição. Nossa cultura deve sistematicamente identificar e eliminar as ineficiências
e desperdícios.
Proteção em excesso cria leniência, e baixa eficiência. Com
o tempo, toda a sociedade fica ineficiente, com dificuldade de competir com o
mundo, e, portanto, mais pobre como estamos agora. A solução para a nossa crise
é optar pela filosofia liberal, pelo apoio às EPFLs e pelo uso intenso de
tecnologia de informação, para sempre focando em eficiência estrutural.
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Sergio
Barbosa Villas-Boas (sbVB), Ph.D.
software development, Big Data,
cloud, mobile, IoT, HPC, optimization
sbvillasboas@gmail.com,
sbvb@poli.ufrj.br
Skype: sbvbsbvb
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